2020 foi um ano de pandemia, mas o setor imobiliário foi dos que mais mostrou resistência. A crise teve impacto no mercado, claramente, mas os resultados (positivos) não foram muito diferentes dos anos anteriores. Venderam-se e compraram-se menos casas, é certo, mas os preços continuaram em alta. Aliás, acabaram mesmo por subir. Os números do ano passado já são conhecidos e o ECO reuniu os cinco principais.
Preços subiram 8,4% em 2020
8,4% foi a evolução dos preços das casas no ano passado. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que as habitações ficaram 8,4% mais caras em 2020, mesmo num ano que foi marcado pela pandemia. Ainda assim, esta evolução mostra uma desaceleração, já que em 2019 a subida dos preços tinha sido de 9,6% e em 2018 de 10,3%. Exemplo: uma subida de 8,4% numa casa de 100.000 euros representa um aumento de 8.400 euros.
Mas porque é que, mesmo em ano de pandemia, os preços não baixaram? O ECO preparou um trabalho para responder a essa pergunta, onde concluiu que a escassez da oferta, as baixas taxas de juro e as mudanças familiares foram os principais motivos.
Foram transacionadas 171.800 habitações
Apesar de os preços terem subido, venderam-se e compraram-se menos casas em território nacional. Os dados do INE indicam que foram transacionadas 171.800 habitações em 2020, menos 5,3% do que em 2019. Foi a primeira vez desde 2012 que o número de habitações transacionadas caiu. Deste total, 145.181 foram casas já existentes e 26.619 nova construção. Norte e Centro lideraram em termos de localizações.
Transações totalizaram 26,2 mil milhões de euros
As 171.800 casas transacionadas em 2020 representaram 26,2 mil milhões de euros, um valor que subiu 2,4% face a 2019, refere o INE. O valor das transações de casas novas aumentou 9,3% para 5,4 mil milhões de euros, enquanto o das casas existentes subiu 0,7% para 20,8 mil milhões de euros. A Área Metropolitana de Lisboa teve um peso de 45,4% no valor total transacionado.
83.599 casas transacionadas no Norte e Centro do país
Numa análise às casas vendidas/compradas por regiões, o Norte (28,7%) e o Centro (20%) concentraram 48,7% do número total de transações, sendo “o peso relativo conjunto mais elevado desde 2014”, refere o INE. Em números absolutos, transacionaram-se 49.253 casas no Norte (27.519 na Área Metropolitano do Porto) e 34.346 no Centro.
Por peso relativo, atrás aparece o Alentejo (6,9%, 11.847 transações) e a Madeira (1,8%, 3.168), que também viram as suas quotas aumentarem. Em contrapartida, a Área Metropolitana de Lisboa, “pelo segundo ano consecutivo, registou uma redução no seu peso relativo regional, fixando-se em 33,5%”, totalizado 57.471 transações. O Algarve também perdeu peso (7,6%, 13.071), assim como os Açores (1,5%, 2.644).
11,9 milhões de euros transacionados em Lisboa
Já no que toca aos 26,2 mil milhões de euros de valor total transacionado no ano passado, a Área Metropolitana de Lisboa destaca-se pela positiva, ao ter um peso de 45,4%, equivalente a 11.897.164 milhões de euros. Contudo, “este foi o terceiro ano consecutivo em que esta região registou uma redução do seu peso relativo no valor total das vendas de habitações”, diz o INE, recordando o peso de 48,2% que Lisboa tinha em 2017.
Das demais regiões, no Algarve observou-se igualmente uma diminuição do respetivo peso relativo (10,2%, 2.671.176 milhões), enquanto o Norte (24,3%, 6.358.873 milhões) e o Centro (13%, 3.400.581 milhões) representaram em conjunto 37,3% do valor total das habitações transacionadas, também perdendo peso. Tal como em 2019, o Alentejo subiu para 4,2% (1.101.184 milhões), acompanhado pela Região Autónoma da Madeira que cresceu para 1,8% (470.268 euros). A Região Autónoma dos Açores manteve a quota relativa de 1,1% (287.289 euros)
In eco.sapo.pt, 28 Março 2021 | Rita Neto